segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Índias da Amazônia resgatam valores femininos no Godllywood

Jovens participam dos desafios e têm suas vidas transformadas


Olhos puxados, pele morena, cocar na cabeça, arco e flecha nas mãos. Essas são as características marcantes de um povo que há milhares de anos habita as terras brasileiras. Eles enfrentaram perseguições árduas, mas conseguiram sobreviver às opressões e hoje compõem um povo bem diferente daquele que Pedro Álvares Cabral descobriu em 1500.


Estamos falando dos índios, que são,  aproximadamente 433 mil somente no estado de Amazonas, de acordo com o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E é exatamente em São Gabriel da Cachoeira, cidade do interior do Amazonas, que se concentra o maior número de nativos do Brasil. Lá, 90% da população é de índios, incluindo o prefeito e seu vice.
Para chegar ao centro de São Gabriel da Cachoeira, que fica a 1.146 quilômetros de Manaus, não é fácil. É preciso utilizar barcos, em uma viagem de 3 ou 4 dias, ou voos que partem da capital. Mas, para aqueles que sempre estão dispostos a ajudar e levar o amor de Deus ao próximo, não há barreiras ou distância.
A jovem Suelem da Silva Ismael, de 28 anos, responsável pelo trabalho da Universal com jovens indígenas da região, já enfrentou 36 horas de barco para chegar até a cidade. Suelem auxilia as nativas, que, em sua maioria, sofrem com problemas ligados a abusos sexuais, suicídio e alcoolismo.
”Não existe dificuldade que não possa ser vencida”
Em São Gabriel da Cachoeira, os índios falam alguns dialetos, e, mesmo sem saber esses dialetos, a jovem não teve dúvidas, decidiu ensinar às índias como elevar a autoestima por meio do “Desafio Godllywood.
Godllywood é um grupo idealizado pela escritora e apresentadora Cristiane Cardoso com objetivo de alcançar mulheres de diferentes idades, que pretendem se tornar pessoas melhores em todos os aspectos. O projeto, criado em dezembro de 2009, em Houston, no Texas (Estados Unidos), está presente em todos os templos da Universal. A intenção é resgatar valores perdidos pela sociedade moderna, como a graciosidade, a feminilidade, o romantismo e a beleza interior e exterior que cada mulher tem, apesar de, muitas vezes, não se darem conta disso. Outra característica é a preocupação com a vida espiritual e a questão social.
A tarefa de Suelem não foi fácil, mas hoje a mudança comportamental das jovens índias é notória. “Todas são muito introspectivas, mas com carinho e todo o cuidado para não agredir a cultura predominante, consegui me aproximar delas. Não existe dificuldade que não possa ser vencida quando se quer ganhar uma alma”, comenta.
Atualmente, 12 meninas participam dos desafios, e para ajudar no trabalho, dois obreiros voluntários traduzem para os dialetos locais – baniwatucano e nhengatu – as atividades da semana. “Eu pegava os desafios na internet e lia para elas. A princípio, relutaram, mas agora se esforçam para participar.”
Fruto da perseverança
Apesar de muito nova, foi por meio dos desafios que a índia Ana Beatriz Rodrigues de Abreu, de 15 anos, teve sua vida transformada. Ela cresceu em um lar desarmonioso, com muitas brigas e desavenças.
“Havia muitas brigas em casa, principalmente com o meu ex-padrastro  e com a minha mãe, pois ela sempre concordava com as coisas ruins que ele fazia comigo e sempre ficava do lado dele. Cresci sem a figura de um pai e era muito revoltada. Batia muito nos meus irmãos e gostava de viver nas ruas, principalmente à noite. Eu era extremamente mentirosa, a ponto de acreditar nas minhas próprias mentiras, e, por conta disso, tinha muitos conflitos pessoais. Com aperda de um tio muito querido, que se suicidou, tive depressão. Só queria ficar sozinha. Queria morrer de qualquer forma”, relata.
Ana lembra muito bem o dia em que sua vida começou a mudar. “Cheguei ao limite da dor em fevereiro de 2012. Após o Carnaval, um obreiro da Universal convidou minha mãe para assistir a uma reunião e eu fui com ela. Nesse dia o pastor pregou  uma Palavra que foi ao meu encontro, e então comecei a  acreditar que poderia mudar de vida. Depois de 2 semanas comecei a participar dos desafios do Godllywood, e foi o começo de uma mudança real em minha vida. Muitas coisas que eu aprendi no grupo, geralmente, as meninas aprendem com as mães, como amor em uma família, como ser amada; aprendi a ter  irmãs que podem não ser de sangue, mas as amo como se fossem. Também aprendi a usar vestido e saia, coisa que eu particularmente odiava. Nunca havia me imaginado usando tais roupas. Eu gostava mesmo era de calça jeans”, conta.
Hoje a já obreira Ana está mudada, e revela: “Deus me honrou mais uma vez, me dando a oportunidade de servi-Lo como obreira. E estou me preparando para que Ele me use no altar.”

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