Igreja Universal começa trabalho de apoio a moradores de aldeias que vivem na fronteira de Moçambique com Suazilândia
Em pleno século 21, grande parte da população mundial que vive com uma renda média ou alta, quando ouve falar em pobreza tem em mente a imagem de poucas pessoas passando fome, moradores de favelas se espremendo entre seus barracos, ou de pedintes, adultos e crianças, que abordam motoristas no trajeto para o trabalho ou para casa.
Entretanto, a pobreza vivida pela maioria da população do pequeno território de Suazilândia, país africano que faz divisa com Moçambique e África do Sul, vai além de qualquer imaginação de quem nunca esteve lá.
A miséria profunda é comum nas áreas rurais do país. O que se planta, raramente cresce, e pela falta de emprego, muitos têm de buscar trabalho nas duas cidades grandes da região, Mbabane e Manzini, ou mudarem para a África do Sul.
Para piorar a situação desses habitantes, Suazilândia tem que conviver com o lamentável título de ter a maior taxa de contaminação pelo vírus da aids no mundo. A nação minúscula de aproximadamente 1,4 milhão de pessoas tem, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 38% dos adultos portadores de HIV. Somente entre as mulheres de 25 a 29 anos, o índice de infectadas chega a 56%.
Apesar de o país ser liderado por um rei, Mswati III, também chamado de "o leão", que reina na Suazilândia desde 1986, o povo está longe de ter uma vida de plebeu, quanto mais de nobreza. Cerca de 70% de sua população vive abaixo da linha da pobreza.
Sabendo desses infortúnios, o bispo João Leite, responsável pelo trabalho evangelístico da Igreja Universal do Reino de Deus em Moçambique – país que mesmo com uma recuperação econômica impressionante nos últimos anos ainda está entre os 20 mais pobres do mundo, com aproximadamente cerca da metade da população adulta vivendo na pobreza e também com um grande número de afetados pelo vírus da aids –, direcionado pelo bispo Edir Macedo, começou, na última semana, um trabalho evangelístico em aldeias que ficam na divisa entre esses dois países.
“Abrimos aqui o ‘Ministério das Aldeias’. Coloquei um pastor que fala as línguas locais como ‘ministro das aldeias’. O trabalho dele será fazer com que tenhamos todo final de semana reuniões nesses locais mais distantes do país. No último final de semana, foram feitas reuniões em 12 aldeias, e muitas pessoas entregaram a vida para Jesus”, explica o bispo João Leite.
A concentração de fé foi feita no meio do nada, com a ajuda de pastores e obreiros, que mesmo preparados e acostumados a lidar com o sofrimento, se assustaram com o cenário encontrado. “O que mais me impressionou foi a profunda miséria, tanto física quanto espiritual. De fato não há nada. O básico para o ser humano sobreviver não existe. Para encontrar água, é preciso andar quilômetros. Eles comem o que plantam. Não há banheiros, as necessidades são feitas no meio do mato. Para você ter uma ideia, há pessoas que nunca dormiram em uma cama. Vivem em casas de palhas, normalmente com mais 10 pessoas”, detalha o bispo.
Porém, tal situação de calamidade não impediu que a fé desse povo sofrido fosse despertada com a chegada dos voluntários da Universal, como destaca ele: “Fomos recebidos com uma alegria contagiante. Com respeito à fé, eles mostraram que ela é muito grande, só é preciso ensiná-los a separá-la da emoção, pois o africano é um dos povos mais emotivos do mundo. Talvez seja essa a razão de tanto sofrimento e de tanta escravidão.”
Semelhantemente aos seus vizinhos, os moradores das aldeias cultivam tradições e ritos de seus antepassados, pois acreditam que a proteção dos espíritos dos seus ancestrais poderá interferir na real situação vivida por eles. Não é difícil encontrar reuniões familiares em busca de conselhos de mortos e até a prática de rituais que envolvem matança de animais.
Da mesma forma, ao ar livre, os encontros da Universal também estão sendo feitos, mas não para buscar nos mortos alguma resposta, mas para invocar um Deus vivo que tem atendido milhões de pessoas em todo o mundo, quando elas O buscam de todo o coração.
“O objetivo não é nosso, mas é de Jesus: de fazer o Evangelho chegar a essas pessoas, pois só o Evangelho é capaz de transformar as suas vidas. Muitas das que ali estão, se a colocarmos em uma boa casa, com tudo do bom e do melhor, não vamos conseguir transformá-las, pois a pobreza espiritual é infinitamente maior do que a pobreza física. Nosso desejo é dar a elas a oportunidade da Salvação de suas almas. Essa é a maior preocupação de Jesus. Essa é a maior preocupação do bispo Macedo, e essa também tem sido a nossa maior preocupação”, comenta o bispo.
O trabalho na região está apenas começando, são 10 províncias em Moçambique, e em cada uma a ação evangelística já está em andamento, assim como também em mais dois distritos distantes. O desejo do bispo é que algumas tendas sejam construídas em breve, para que mais reuniões sejam feitas nos finais de semana.
O apoio da Igreja Universal não vai se resumir apenas ao âmbito espiritual, que é de longe o mais importante, mas também em promover, após cada culto, o apoio físico, e, em parceria com a Associação Beneficente Cristã, ajudá-los com suas necessidades básicas. “Aqui, o que para nós é pouco, tem um valor muito grande para eles”, conclui o bispo.
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